segunda-feira, 29 de junho de 2015

O morro dos Ventos Uivantes - Emily Brontë

 O livro de hoje é um clássico da literatura inglesa.

 Único livro escrito por Emily Brontë, lançado em 1847, O Morro dos ventos uivantes, em português (Wuthering Heights, no original), é um livro denso, envolto em mistérios e um exemplar incrível do Romantismo inglês do século XIX.

Na minha opinião, esse livro é sensacional. A leitura flui de maneira uniforme, as descrições são detalhadas, mas não enfadonhas, e a forma como Brontë faz com que o leitor mergulhe na loucura dos personagens é genial.

Trata-se da história da degradação de uma família narrada pela governanta Nelly. Tudo começa quando o patriarca Earnshaw traz um órfão, Heathcliff, com características ciganas para dentro da sua casa. A partir desse fato, a trama gira em torno do romance entre Heathcliff e Catherine Earnshaw e do propósito de vingança que Heathcliff tem para Hindley Earnshaw e Edgar Linton (respectivos irmão e marido de Catherine).

Um ponto que eu acho muito interessante nesse livro é que nenhum personagem presta. Ou são loucos, ou são viciados ou são inertes (como é o caso de Edgar Linton). Dessa forma, a história transcorre de maneira que o leitor não consegue prever o que vai acontecer e também não consegue torcer por nenhum personagem em especial.

Há muitas interpretações para "O Morro dos Ventos Uivantes", interpretações freudianas, inclusive, mas acredito que é difícil decifrar o que Emily Brontë quis transmitir com a sua obra já que ela não escreveu outros livros que pudessem ser comparados e analisados.

É um livro que vale a pena ser lido, porque é esteticamente lindo, extremamente original (inclusive para os padrões de hoje), e a narrativa é incrível. Como eu costumo dizer, nenhum clássico é clássico à toa.

Antes de terminar, eu gostaria de expressar a minha revolta quanto a uma capa de "O Morro dos Ventos Uivantes" que vi certa vez:


Em destaque vermelho é possível ler: "O livro preferido de Bella e Edward na série crepúsculo". Sério?? Sério que é necessário reduzir um clássico da literatura inglesa a apenas "o livro preferido de Bella e Edward"? O Morro dos Ventos Uivantes já tinha vida própria antes mesmo de Sthephanie Meyer nascer... sinceramente... 

O Morro dos Ventos Uivantes é literatura de qualidade, eu já não posso dizer o mesmo dessa série mencionada anteriormente... então, por favor, não misturem as coisas!


E por hoje é só, pessoal!

segunda-feira, 22 de junho de 2015

A Metamorfose - Franz Kafka

"A metamorfose" é um daqueles livros que te deixa sem palavras... literalmente. Minha vontade era de ficar deitada, quieta, extasiada, apenas refletindo sobre esse livro de tão poucas páginas!

A edição que tenho é aquela da Editora Abril que já comentei antes. Aviso que a partir desse ponto serei um tanto "spoilerenta", não tem como não ser...




O livro retrata a história de Gregor Samsa, que acorda um dia, depois de um sono agitado, transformado numa enorme barata. É engraçado como Gregor não reflete e não se assusta sobre como ele se transformou num inseto; suas preocupações são apenas práticas - como se levantar da cama, como ir trabalhar...


A família de Gregor também não reflete sobre isso, apenas se preocupa em como será o sustento da casa - já que era Gregor, com seu trabalho de caixeiro-viajante, que fazia isso. Com o passar do tempo, todos arrumam emprego e também passam a alugar quartos do apartamento. Nesse momento eu me perguntei - Por que nunca fizeram isso antes? Por que o pai, que se dizia velho demais para trabalhar, num instante mudou de atitude e se transformou num senhor cheio de vigor e orgulhoso do seu emprego no banco? Era muito fácil deixar tudo nas costas do Gregor.


É uma leitura cruel, que te deixa sufocado de tantos sentimentos. A família passa a desprezar Gregor, a trancá-lo no quarto escuro... não se preocupam nem com a alimentação ( a irmã inicialmente limpava o quarto todos os dias e deixava alguma comida pra Gregor, mas logo se cansa disso e o deixa à mercê da poeira e da fome). O pior, é que Gregor entende tudo o que eles falam e passa a se sentir melancólico depois de tantas agressões verbais e físicas por causa de sua aparência. O pai simplesmente o deixa aleijado depois de jogar uma maçã enorme nas costas de Gregor e lá ela fica cravada até o fim.


Depois de tanto desprezo, tanta fome, tanta dor ( física e moral) Gregor acaba falecendo e as únicas palavras do pai são: "Graças a Deus!" Então, a família tira o dia de folga e sai para - na minha concepção- comemorar. 

É incrível como um livro tão curtinho tem tanto a nos dizer. Acredito que trata principalmente de como as pessoas podem ser descartáveis quando não são mais úteis e de como é fácil se acomodar a situações confortáveis.


A metamorfose é um livro chocante, nojento e que vale a pena ser lido!


E por hoje é só, pessoal!

domingo, 21 de junho de 2015

O hobbit - J.R.R. Tolkien

E cá estamos nós com mais uma postagem! Inicialmente, peço desculpas pelos dias em que fiquei sem postar, tive sérios problemas com a conexão da internet.

Hoje eu trago "O Hobbit", livro escrito por Tolkien para crianças, publicado em 1937, e recentemente transformado em filme.


Eu confesso que adoro os filmes "O Senhor dos Anéis", mas há muito tempo que tentei ler a obra impressa e não consegui. Então resolvi começar do começo e fui ler "O Silmarillion" para conhecer a gênese do universo de Tolkien... e não passei das 20 primeiras páginas. Foi nesse momento que pensei que deveria começar por "O Hobbit".

Bem... o que dizer de "O Hobbit" (sem ser xingada pelos nerds xiitas)? É um livro bonzinho. Entretém um pouquinho, "interessantezinho", facilzinho... desta forma: bem "morninho" mesmo. Mas é importante não analisar apenas a história. Nesse livro a narrativa deve ser vista como algo secundário, a mensagem passada é que deve ser valorizada.

Pessoalmente, o estilo literário de Tolkien não me apraz. Descrições extensamente floreadas e narrativa amarrada não estão entre os pontos que valorizo num livro. Mas é importante salientar que a grande sacada de Tolkien é a forma com que ele usou a literatura para a construção de valores.

Trata-se da história de Bilbo Bolseiro, um hobbit que é praticamente obrigado a partir em uma expedição, juntamente com 13 anões, a fim de roubar o tesouro que o dragão Smaug havia roubado anteriormente... ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão!


É certo que durante a aventura Bilbo vai amadurecendo e descobrindo sua própria identidade. Ao passar por desafios e ver-se diante de situações inusitadas, o personagem descobre o valor da amizade, da fidelidade, da honra. A mensagem que o livro passa é sobre amadurecimento e sobre a importância de fazer o certo mesmo que a situação não favoreça.

É um livro escrito para crianças, mas acredito que se mais adultos se propusessem a lê-lo o mundo seria um lugar melhor.


E por hoje é só, pessoal!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Band of Brothers - Tom Hanks e Steven Spielberg

Eu não vou conseguir falar dessa série sem rasgar muita, muita, muita seda. Então que os desavisados se preparem, vêm muitos adjetivos por aí!

Eu sempre gostei de história, desde que me entendo como gente - influência pesada do meu pai. E história contemporânea é a minha parte preferida. Eu devia ter uns 12 ou 13 anos quando meu pai me apresentou a essa série... desde então eu a tenho adorado fervorosamente! Eis que agora tenho em minhas posses, nada mais, nada menos que my precious!!


Trata-se de uma série com 10 episódios lançada pela HBO, com produção executiva de Steven Spielberg e Tom Hanks. Foi lançada em 2001 e venceu o Globo de Ouro como melhor minissérie, além de 6 Emmy.

Band of Brothers (ou Irmãos de Guerra, no Brasil) é baseada em fatos reais e conta a história da Companhia Easy, o 506º regimento da 101ª divisão de paraquedistas do exército norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial. O enredo parte do treinamento da companhia, passa pelo dia D, pela Operação Market Garden, pela Batalha do Bulge até a entrada no Ninho da Águia (quartel general de Hitler), em Berchtesgaden.

Todos os episódios são muito emocionantes, conseguem retratar a força de vontade, a lealdade, o sofrimento e a desesperança desses soldados - que nos são apresentados de forma tão íntima que se tornam nossos irmãos. A cada baixa o espectador sofre com a companhia e consegue ver da maneira mais cruel o quanto uma guerra pode ser violenta e desumana, mas também o quanto cada indivíduo pode ser forte e determinado, mesmo nas condições mais adversas.




terça-feira, 2 de junho de 2015

O mundo de Sofia - Jostein Gaarder

Eu lembro que estava na quinta série do ensino fundamental quando a minha professora de Filosofia fazia menção a esse livro, mas eu só fui realmente me interessar por filosofia bem mais velha. Depois disso eu fiquei atrás desse livro por algum tempo até ganhá-lo de presente de aniversário de 16 anos de uma tia muito querida.

O mundo de Sofia é daquelas obras em que o enredo é o menos importante. Chega a ser enfadonho, pelo menos para mim. A história gira em torno de Sofia Amundsen, uma garota prestes a fazer 15 anos que começa a receber bilhetes anônimos com questões filosóficas, tais como "quem é você", "de onde vem o mundo que conhecemos"...

Enquanto Sofia reflete sobre essas questões, o leitor é apresentado ao fantástico mundo da filosofia. O livro é um ótimo resumo da história da filosofia, e apresenta-nos dos pré-socráticos à Freud. Para quem se interessa por temas como esses
é uma obra excepcional.

Voltando ao enredo, Sofia demora tanto para encontrar pistas sobre a identidade do seu correspondente, demora tanto para encontrar seu "professor de filosofia"... a trama vai acontecendo de maneira tão lenta que o leitor vai perdendo o interesse, ao menos eu sou assim. Ou seja, quem não se interessa por filosofia não vai chegar até o fim do livro apenas motivado pelo enredo.

O desfecho final tem uma ótima premissa, ao menos eu nunca li outro livro que tivesse um final parecido, mas o desenrolar lento do enredo produz um leitor tão desinteressado que quando esse desfecho chega, o leitor já não se importa mais.

Em resumo, para quem se interessa por filosofia: é um livro excelente. Muito didático e abrangente.

Para quem não se interessa: nem tente.


E por hoje é só, pessoal!