terça-feira, 19 de maio de 2015

O Jogador - Dostoievski

   Particularmente, eu adoro os escritores russos. O problema é que eles escrevem para adultos.
   
   Eu me interessei desde novinha (16 anos) por Fiódor Dostoievski. Comecei tentando ler "Crime e Castigo", mas não consegui terminar. Posteriormente li "O idiota" e levei quase um ano inteiro tentando entender o livro, e, receio nunca ter entendido o suficiente.
   A minha primeira dica sobre Dostoievski é: comece com "O jogador". A segunda: prepare seu espírito.
   As obras de Dostoievski são lotadas de tensão, profundamente densas, psicológicas e difíceis de compreender. É importante preparar o espírito para ler diversas vezes a mesma página e mastigar as entrelinhas.
   "O jogador" é um livro denso, com uma premissa simples e bastante corrido. É importante salientar que trata-se de uma obra autobiográfica escrita em 25 dias para cumprir um contrato - Dostoievski odiava escrever dessa maneira, mas a maioria das obras dele foram geradas nesse contexto e mesmo assim conseguiu escrever coisas incríveis. Eis a essência de um gênio: transcender as adversidades.
   A versão que possuo é da editora Bertrand Brasil, traduzida por Moacir Werneck de Castro. Não posso dizer quanto custou porque esse eu ganhei de presente.
  Trata-se de um livro curto, 185 páginas e com uma premissa muito simples. Um jovem russo, Aleksei Ivanovitch, íntegro e sem objetivos de vida que trabalha para um general falido. Aleksei vicia-se em jogos de cassino e destrói sua vida e o restante das perspectivas que ainda tinha.
   As relações sociais e a forma com que o dinheiro exerce poder sobre essas é muito bem definida por Dostoievski. O conflito interior que Aleksei sofre para tentar se livrar do vício e voltar a ser um homem, as escolhas mal feitas... é tudo muito bem detalhado e profundo. O leitor sente a confusão do personagem e é absorvido por aquela realidade de tal forma que é difícil se livrar do livro e exercer as atividades cotidianas.
   Ao final da história, Aleksei recebe a visita de um amigo, Mr. Astley, que lhe dá uma pequena quantia em dinheiro. Mr. Astley ressalta que daria muito mais se soubesse que Aleksei seria capaz de deixar aquela vida, voltar para a Rússia e se reerguer, mas Aleksei é um homem perdido.
   A partir do momento em que o amigo vai embora, surge o conflito interior do personagem principal: o que fazer com o dinheiro? Deveria ir para a Suíça e se encontrar com a amada, refazer a vida? ou será que dá tempo para ir para a roleta? Afinal, ele pode ir para a Suíça amanhã...
   

E por hoje é só, pessoal!

Nenhum comentário:

Postar um comentário