sábado, 30 de maio de 2015

Os sofrimentos do jovem Werther - Goethe

    Eu descobri que esse livro existia durante as aulas de literatura, mas confesso que nunca dei muita atenção. Eis que naquela coleção da Abril, a qual comentei anteriormente,  havia um exemplar e eu resolvi conhecer um pouco mais.

    Johann Wolfgang Goethe nasceu no século XVIII em Frankfurt (Alemanha) e escreveu seu primeiro romance - Os sofrimentos do jovem Werther - aos 25 anos. Após a publicação dessa obra, os números de suicídios entre jovens aumentaram drasticamente.

   Trata-se de um livro pequeno, 160 páginas, e escrito em forma epistolar e muito fácil de ler. A leitura flui facilmente e sem entraves.

   Werther é um jovem inteligente, afetivo, com grande interesse por literatura e por tudo que o cerca. A natureza é algo que fascina o personagem, mas é possível ver traços de melancolia quando ele descreve as paisagens do local onde está hospedado. Werther é um jovem inclinadamente depressivo devido à tamanha sensibilidade do seu coração. É um personagem muito simpático e capaz de conquistar o leitor facilmente.

   Eis que nosso jovem se apaixona por Charlotte, que está noiva de outro rapaz - Albert. Werther tenta de inúmeras maneiras esquecer esse amor, mas todas as tentativas são falhas. Logo a falta de perspectiva, e a personalidade melancólica do personagem principal o leva a cometer suicídio.

   A forma com que Goethe faz transparecer os sentimentos do personagem é incrível. O leitor sente a dor, o desespero e, com perdão do trocadilho infame, os sofrimentos do jovem Werther. A forma com que o autor faz o personagem sofrer e todas as outras obras publicadas por ele me levam a crer que Goethe não tinha bons sentimentos.

   O suicídio de Werther incentivou muitos jovens, por motivos amorosos ou não, a se suicidarem. A Europa do século XVIII permeada pelo "mal do século" foi o cenário mais favorável a esse incentivo.

Não culpo o livro de maneira alguma.
Mas que dá vontade de morrer com o Werther, isso dá.

Por hoje é só, pessoal!

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Rurouni Kenshin - Samurai X

Rurouni Kenshin é um mangá que foi posteriormente transformado em anime. Foi escrito por Nobuhiro Watsuki e começou a ser publicado no Brasil em 2001 em 56 volumes. Em 2012, a JBC relançou a saga de Kenshin em 28 volumes.

Ressalto que não assisti ao anime, então a opinião a seguir baseia-se exclusivamente sobre a obra impressa.

Os mangás que eu possuo são da segunda edição. O último volume a sair nas bancas foi o de número 26. É possível adquiri-los em praticamente qualquer banca de revista, os meus eu tenho comprado na Escariz ou na Banca Jardins, ambos localizados no Shopping Jardins e custam em média R$14,00 por volume.


Rurouni Kenshin conta a história de Kenshin Himura, um samurai monarquista que lutou no Bakumatsu (a guerra japonesa entre monarquistas e shogunato) e ganhou a alcunha de "Hitokiri Batousai" (assassino retalhador) devido à forma violenta com que lutava. Após um triste episódio, Kenshin Himura jura nunca mais matar e viver sua vida de forma a expiar todos os crimes que cometeu.

A história de Kenshin é ambientada durante os primeiros anos da Era Meiji e consegue refletir as tensões sociais existentes na época. O poder centralizado causou o declínio da classe samurai e de muitas famílias nobres ligadas a antigos senhores feudais, o que levou a muitas revoltas e descontentamentos sociais.

Em sua obra, Watsuki utiliza-se de fatos históricos comprovados, muitas vezes citados em notas de rodapé, para dar verossimilhança ao mangá. Além de ser um excelente entretenimento, as aulas de história japonesa estão garantidas!

Todos os personagens são muito bem construídos, alguns são muito mais populares que o próprio Kenshin - como é o caso de Hajime Saitou e Seijouurou Hiko.

Outro ponto forte da obra são as lições de moral e as reflexões que Kenshin nos leva a fazer. Questões como: a vida e a morte, a luta por uma causa, a honra, a coragem, o dever, o sofrimento humano, a esperança, mas principalmente, a construção - no presente - de um tempo melhor no futuro são constantes em Kenshin, mas são tratadas de forma leve dentro do mangá e em nenhum momento tornam a história pesada e enfadonha.

Samurai X é uma obra que vale a pena ser lida,  por todos os motivos definidos acima, mas também porque é simplesmente muito divertida!

E por hoje é só, pessoal!

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Sobre Jogos Vorazes - Suzanne Collins

Antes de ler, eu assisti aos dois primeiros filmes da saga e gostei muito. Então, consegui arrumar um intervalo entre os estudos para tentar ler os livros - que serão sempre melhores que qualquer adaptação cinematográfica. Que surpresa eu tive! Quanta coisa a gente consegue extrair desses livros! Quanto entretenimento!

Prometo que tentarei comentar sobre a saga sem dar spoilers do enredo.

A série é dividida em três livros, que em português-br ficaram assim nomeados: "Jogos Vorazes", "Em Chamas" e "A Esperança". Eu comprei os três livros num box e me custou por volta de R$50,00 no submarino durante a Black Friday. A editora é a Rocco.

A leitura de todos os três livros flui perfeitamente, é fácil, leve e divertida. Em cinco dias eu consegui ler a série inteira.

A trama gira em torno de uma garota, Katniss, de um distrito pobre que vive no bairro mais pobre desse distrito (imagine se não é pobreza). Desde pequena que Katniss luta para sobreviver, quando eu digo sobreviver, eu quero dizer não morrer de fome. Sendo assim, ela faz o que está ao seu alcance para sustentar a mãe e a irmã, mesmo que seja caçar ilegalmente na floresta.

O país em que Katniss vive se chama Panem - que vem de "panem et circenses" - pão e circo. É dividido em 12 distritos, cada um com sua peculiaridade, e uma capital. Resumidamente, a população da capital vive luxuosamente e os distritos que sustentam esse luxo. Alguns distritos são mais ricos que outros, e o distrito 12 é o pior de todos.

No passado, os distritos se revoltaram e deflagraram uma rebelião contra a capital. Eis que a revolta é abafada e a mão pesada da capital subordina-os cada vez mais a sua vontade.

Inicialmente, eu acreditava que a série tinha uma mensagem marxista por toda essa questão da exploração dos pequenos para sustentar o luxo de poucos, mas eu estava errada. Surge o outro lado da moeda (que não direi qual é) e mostra que o socialismo também é ruim. Enfim, a mensagem que é passada é que nem o capitalismo imperialista e nem o socialismo, e sim, o respeito pelos direitos do indivíduo.

Trata-se de uma série sobre uma guerra. Sobre como pessoas insignificantes podem ter participação efetiva e tornarem-se ícones, mesmo sem essa intenção. É sobre como uma guerra pode ser manipulada e como pode modificar pessoas, lugares e relações. E acima de tudo, sobre como as coisas nunca serão como antes. É a jornada do herói, só que dessa vez o herói não volta inteiro.

Eu acredito que muitas pessoas não gostarão do final do livro, mas eu achei extraordinário. É o final mais feliz possível depois de uma guerra dessa magnitude. Não esperem um final feliz com musiquinha ao fundo. Jogos Vorazes é uma série para adultos.

E por hoje é só, pessoal!

terça-feira, 19 de maio de 2015

O Jogador - Dostoievski

   Particularmente, eu adoro os escritores russos. O problema é que eles escrevem para adultos.
   
   Eu me interessei desde novinha (16 anos) por Fiódor Dostoievski. Comecei tentando ler "Crime e Castigo", mas não consegui terminar. Posteriormente li "O idiota" e levei quase um ano inteiro tentando entender o livro, e, receio nunca ter entendido o suficiente.
   A minha primeira dica sobre Dostoievski é: comece com "O jogador". A segunda: prepare seu espírito.
   As obras de Dostoievski são lotadas de tensão, profundamente densas, psicológicas e difíceis de compreender. É importante preparar o espírito para ler diversas vezes a mesma página e mastigar as entrelinhas.
   "O jogador" é um livro denso, com uma premissa simples e bastante corrido. É importante salientar que trata-se de uma obra autobiográfica escrita em 25 dias para cumprir um contrato - Dostoievski odiava escrever dessa maneira, mas a maioria das obras dele foram geradas nesse contexto e mesmo assim conseguiu escrever coisas incríveis. Eis a essência de um gênio: transcender as adversidades.
   A versão que possuo é da editora Bertrand Brasil, traduzida por Moacir Werneck de Castro. Não posso dizer quanto custou porque esse eu ganhei de presente.
  Trata-se de um livro curto, 185 páginas e com uma premissa muito simples. Um jovem russo, Aleksei Ivanovitch, íntegro e sem objetivos de vida que trabalha para um general falido. Aleksei vicia-se em jogos de cassino e destrói sua vida e o restante das perspectivas que ainda tinha.
   As relações sociais e a forma com que o dinheiro exerce poder sobre essas é muito bem definida por Dostoievski. O conflito interior que Aleksei sofre para tentar se livrar do vício e voltar a ser um homem, as escolhas mal feitas... é tudo muito bem detalhado e profundo. O leitor sente a confusão do personagem e é absorvido por aquela realidade de tal forma que é difícil se livrar do livro e exercer as atividades cotidianas.
   Ao final da história, Aleksei recebe a visita de um amigo, Mr. Astley, que lhe dá uma pequena quantia em dinheiro. Mr. Astley ressalta que daria muito mais se soubesse que Aleksei seria capaz de deixar aquela vida, voltar para a Rússia e se reerguer, mas Aleksei é um homem perdido.
   A partir do momento em que o amigo vai embora, surge o conflito interior do personagem principal: o que fazer com o dinheiro? Deveria ir para a Suíça e se encontrar com a amada, refazer a vida? ou será que dá tempo para ir para a roleta? Afinal, ele pode ir para a Suíça amanhã...
   

E por hoje é só, pessoal!

sexta-feira, 15 de maio de 2015

O retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde

   Para finalizar a semana sobre Oscar Wilde, eis que trago a obra-prima do autor: "O retrato de Dorian Gray".

   Na minha opinião, o livro é uma obra de arte. Está entre os livros mais incríveis que já li, daqueles que, mesmo quando terminam, o leitor não consegue libertar sua mente totalmente, leva-se um tempo para digerir a história e conseguir se desvencilhar completamente do enredo.
 
   A versão que eu tenho é da coleção Clássicos da editora Abril. A capa é dura e em tecido e as páginas são incrivelmente amareladas e finas. A espessura fina das páginas torna o livro bem leve e fácil de carregar na bolsa. E acreditem, paguei uma pechincha por ele! Cerca de R$15,00 na Banca Jardins (que fica no shopping Jardins) aqui em Aracaju.

   Já no prefácio, Oscar Wilde mostra a sua vontade de criticar o século XIX e a forma como a arte era concebida, Essa parte do livro é permeada de frases incríveis e reflexivas, tais como:

* "Nenhum artista deseja provar coisa alguma. Até mesmo as coisas verdadeiras podem ser provadas"

* "A vida moral do homem faz parte do tema do artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito"

e finaliza com a incrível:  "TODA ARTE É DEMASIADO INÚTIL."

   Deixando o prefácio, a história de Dorian Gray é densa e permeada de críticas à sociedade vitoriana, principalmente ao que concerne à hipocrisia moral tão vigente na época. O que Oscar Wilde mostra é que o Dorian Gray faz é o que qualquer um faria se pudesse. Surge então o questionamento: de que forma você levaria sua vida sabendo que nunca iria envelhecer e que nunca ninguém questionaria sua conduta moral?
   Dorian Gray estava "aproveitando" a vida. Entretanto, não possuía respeito algum pelo próximo. O sadismo, sarcasmo, egoísmo e egocentrismo são extremamente tangíveis em sua personalidade.
   Mas Dorian Gray não foi sempre assim. Ele era um garoto lindo e inocente do interior, e ao perceber o poder de sua beleza e se deixar influenciar pelo lorde Henry acaba se corrompendo e se torna capaz de atitudes frívolas, inconstantes e desrespeitosas.
   A questão da influência de lorde Henry é interessante porque enquanto Henry exercia influência negativa sobre Dorian, Basil tentava exercer influência positiva, porém a influência negativa sempre foi mais forte.
   Basil é claramente o melhor personagem do livro. E ele é claramente homossexual e apaixonado pelo personagem principal - o que é mais uma crítica à sociedade vitoriana.
   Depois de muitas más ações, muitos pecados e muitas "manchas" em sua alma, acontece com Dorian Gray a única coisa que poderia acontecer (eu não vou contar. Você vai ter que ler o livro XP).


E por hoje é só, pessoal!

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O rouxinol e a rosa - Oscar Wilde

   Ainda com os contos de Oscar Wilde...

  "O rouxinol e a rosa" é um conto curto, 7 laudas apenas, com características de fábula. Trata-se da história de um rouxinol que decide sacrificar sua vida para dar a oportunidade a um jovem de conquistar a amada.
  Nesse conto, Wilde mostra o quão volúvel pode ser o amor juvenil. Em determinado momento o jovem está prostrado e chorando compulsivamente diante da ideia de não dançar com sua amada no baile e no dia seguinte desiste facilmente da garota.
  A garota, por sua vez, demonstra ser volúvel e impressiona-se facilmente. Ademais, ela está disposta a dar atenção a quem puder "dar mais", tal qual um leilão.
  A moral que eu consigo retirar da história é que não vale a pena sacrificar-se ou até mesmo acreditar em um amor juvenil, pois é efêmero e exagerado.
  E o conto termina de forma triste, pois o pobre rouxinol morreu em vão por acreditar que o amor do jovem era puro e verdadeiro. O leitor chega a sentir raiva dos jovens e fica engasgado com o grito de "NÃO FAÇA ISSO, ROUXINOL!!" preso na garganta.

E por hoje é só pessoal!

segunda-feira, 11 de maio de 2015

O pescador e sua alma - Oscar Wilde

      Eu li esse conto no livro "O fantasma de Canterville e outros contos" da editora Nova Fronteira (Saraiva de bolso). Paguei algo em torno de R$ 15,00 na loja física da Saraiva do Shopping Riomar, em Aracaju. Essa coletânea vem com oito contos, entre esses, O pescador e sua alma.
       Todos os contos são muito bons, mas "O pescador e sua alma" é genial. Trata-se de um conto longo, de 37 laudas, muito descritivo e totalmente diferente de todos os outros presentes no livro. Tentarei resenhar esse conto da forma menos "spoilerenta" possível.
       "O pescador e sua alma" conta a história de um jovem pescador que se apaixona por uma sereia, no entanto, para viver esse amor é preciso que ele perca sua alma. Após algumas tentativas, ele consegue libertar sua alma com a ajuda de uma bruxa e vai viver com sua sereia no fundo do mar. Anualmente a alma volta para tentar convencê-lo a se juntarem novamente. Na primeira tentativa, a alma tenta persuadi-lo com sabedoria, seguidamente com riqueza, sem exito. Ao terceiro ano, a alma oferece-lhe prazer, sendo dessa maneira exitosa. O pescador se une novamente a sua alma e sai em busca de prazer, mas sua busca é em vão e ele percebe o quanto sua alma é maldosa.
         Depois de chegar a essa conclusão, o pescador, arrependido, quer voltar para sua sereia e para o fundo do mar, mas já não é possível. Após longos anos, sua sereia morre e ele também se entrega à morte. O padre da cidadezinha encontra os corpos e manda enterrá-los de forma clandestina em um local afastado e posteriormente, devido a um fato importante, abençoa o túmulo dos amantes, o mar e todos os seres marinhos sem alma. Como consequência dessa bênção, não mais nascem flores sobre o túmulo e nunca mais foram vistos seres marinhos na baía.
          Eu meditei sobre essa história durante longas horas para tentar entender o que Oscar Wilde quis mostrar com esse conto. Cheguei à conclusão que:
          - O amor, para Oscar Wilde, não precisa ser cristão;
          - Sendo assim, para se entregar a esse amor é necessário perder sua alma;
          - O amor é melhor que a sabedoria e a riqueza, mas pode ser tentado com prazer;
          - Ser cristão (a alma) não significa, necessariamente, ser uma pessoa com coração;
          - O amor pagão não pode ser abençoado, pois a partir do momento em que isso ocorre não é mais amor.
          Eu acredito que essas conclusões façam sentido quando é levado em consideração a biografia do autor, o qual foi condenado por homossexualismo (que era crime na Inglaterra vitoriana) e ficou preso durante dois anos.
          É um conto muito interessante e que vale a pena ser lido. Não se engane com o resumo que eu fiz, o conto contém descrições perfeitas e uma ansiedade que eu não sou capaz de passar.

Por hoje é só, pessoal!!

Apresentação

Acabo de criar o clube do livro com o simples intento de postar resenhas, comentários, ou qualquer outra forma de expressar opinião. Os "objetos de estudo" deste humilde espaço serão livros, matérias de jornais, filmes...
Sintam-se à vontade. A casa é nossa.