segunda-feira, 11 de abril de 2016

A Paixão segundo G.H. - Clarice Lispector



Eu terminei as últimas linhas desse livro há poucos instantes.

 Ao me deparar com o ponto final, uma frase me escapou dos lábios - e foi um palavrão.

 Clarice sempre me inquietou. Mas acredito que nunca consegui compreendê-la inteiramente. Na verdade, acho que a maioria das pessoas que admiram Clarice não a compreendem verdadeiramente. 

 Talvez por isso me identifique tanto com ela.

 Clarice Lispector é uma escritora ucraniana e naturalizada brasileira. Escreveu inúmeros romances, contos, ensaios... além de traduções de grandes livros para o português. Clarice é um dos grandes nomes da literatura brasileira.

 A forma como Clarice escreve é incrível. Ela consegue transmitir ao papel a mesma maneira bagunçadamente organizada com que o nosso cérebro vai gerando ideias e conceitos. Em certos trechos nos falta o ar.

 A Paixão segundo G.H. trata de uma epifania. É uma jornada de autodescobrimento que uma mulher bem sucedida faz após provar a massa branca do interior de uma barata. Isso mesmo. É exatamente isso que você leu.

 O livro inteiro é uma epifania. Indagações sobre o que é ser humano, sobre a linguagem, sobre o amor, sobre a esperança... tudo isso a partir da degustação do interior de uma barata. Clarice é incrível e é por isso que não consigo falar dela sem sentir a necessidade de usar palavrões como adjetivos.

 Clarice não é simples. Ela é complexa, intensa, devastadora. Ela não é sequer morna. Ela é um soco no estômago... ela vem trazer a realidade. Mas não a realidade visível, palpável. A realidade escondida, velada... aquilo sobre o que nos recusamos (ou nem nos preocupamos) a pensar. 

 Vale muito a pena ler "A paixão segundo GH". Mas adianto que não é um livro para iniciantes. É um livro para aqueles que querem pensar, se incomodar, refletir... filosofar.

 "Mais forte que esperança, mais forte que amor?
   Eu me aproximava do que acho que era - confiança."

E por hoje é só, pessoal.

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